Analistas ressaltando a demora na flexibilização monetária nos EUA afirmam, com viés crítico, que o Fed está correndo atrás da curva de juro. Agora o Banco Central norte-americano parece estar correndo atrás das bolsas também.

Fora da rotina, o corte de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juro aplicado na terça-feira (22) foi tido como uma clara satisfação aos lamentos dos investidores. A Link Corretora interpreta que as autoridades monetárias dos EUA "estão reféns e só agem de forma reativa ao que pede ou exige o mercado".

Tal percepção foi reforçada pelo momento em que o Fed revelou o afrouxamento. "Com o feriado na segunda, as grandes perdas acionárias foram a única novidade entre a sexta e a terça-feira", destaca Ivo Chermont, economista da Modal Asset Management. Para ele, "certamente não foi coincidência".

Reação condenável

Ivo Chermont chama atenção para a peculiaridade do anúncio: "É difícil ver um banco central reagindo às bolsas". Focados em variáveis macroeconômicas - sobretudo inflação e crescimento -, formuladores de política monetária evitam atender aos anseios do mercado, visando barrar incentivos perigosos.

Segundo o economista da Modal Asset, a sensibilidade ao pânico é condenável: "Um banco central não deve, por natureza, reagir a movimentos da renda variável". Os investidores podem ignorar a indisciplina frente ao risco e se acostumar ao paternalismo do Fed.

A Link trata o assunto com ironia, avaliando a atitude do BC norte-americano como uma garantia firme aos mercados. "Dado que a disposição de se socorrer os investidores está mais do que confirmada, a resposta não pode ser diferente", constata a corretora em relatório: "Vamos todos aproveitar a festa".

Ao julgamento real

Acima dos questionamentos feitos por economistas ou dos lamentos expressos pelos investidores está o factual. Cabe monitorar a economia norte-americana durante os próximos meses.

Se a flexibilização promovida pelo Fed produzir resultados sadios, as críticas serão enterradas. Se for ineficaz, o 22 de janeiro será lembrado como uma tentativa desesperada de corrigir - e talvez agravar - o que já estava comprometido há algum tempo.

Fonte

InfoMoney em 23/01/08

Investmaniacos (por e-mail)

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