Pelo segundo pregão consecutivo, a Bovespa terminou com perdas substanciais, ainda em decorrência das incertezas que cercam a aprovação do socorro bilionário anunciado pelo governo norte-americano ao sistema financeiro. A defesa do pacote feita no Congresso pelo presidente do Fed, Ben Bernanke, e pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, não dizimou as dúvidas, embora tenha contribuído para uma recuperação do preço do dólar. Com isso, as commodities acabaram caindo e serviram de peso extra de baixa à Bolsa doméstica.

 

O Ibovespa perdeu 3,78%, aos 49.593,17 pontos, depois de oscilar entre a mínima de 49.289 pontos (-4,37%) e a máxima de 51.856 pontos (+0,61%). No mês, acumula perdas de 10,93% e, no ano, de 22,37%. O giro totalizou R$ 5,349 bilhões. Os dados são preliminares.

 

Em Wall Street, o Dow Jones terminou com -1,47%, aos 10.854,17 pontos, o S&P, em -1,56%, aos 1.188,22 pontos, e o Nasdaq em -1,18%, aos 2.153,34 pontos. Os dados são preliminares. Na Europa, o índice CAC-40, da Bolsa de Paris, recuou 1,98%, para 4.139,82 pontos, e, em Frankfurt, o índice DAX terminou em queda de 0,64%, para 6.068,53 pontos.

 

As atenções desta terça-feira estavam totalmente voltadas para os depoimentos de Bernanke e Paulson, no Congresso, onde eles se revezaram em pedir que os parlamentares aprovem rapidamente a ajuda de US$ 700 bilhões proposta no final de semana. Segundo Paulson, é preciso passar rapidamente o texto, sem atrasos com cláusulas que "não estão relacionadas ou que não tenham amplo apoio". Ele ainda pediu uma 'forte supervisão' para o plano do governo dos EUA, que é justamente um dos pontos defendidos pelos congressistas.

 

Apesar dos apelos, o efeito não foi exatamente o previsto, já que os analistas consideraram as declarações um pouco pessimistas, principalmente quando Bernanke instou os congressistas a aprovarem logo o pacote alegando que a economia dos EUA e seus mercados financeiros enfrentarão sérios riscos caso isso não ocorra. Para Bernanke, a ação é necessária para estabilizar os mercados, de modo a minimizar os efeitos sobre a economia.

 

Uma das críticas foi de uma gestora de um fundo, para quem a turbulência está tão severa que seus efeitos negativos sobre a economia podem não ser enfraquecidos pelo plano de resgate. Ou seja, mesmo se passar no Congresso, o plano pode ter seus efeitos minimizados sobre o mundo real.

 

Os indicadores econômicos já mostram que a situação é complicada fora de Wall Street. Hoje, foi divulgado que os preços das moradias nos EUA caíram 0,6% de junho a julho, 5,3% nos 12 meses encerrados em julho e também 5,3% desde que atingiram o pico, em abril de 2007. Em julho, o índice mensal atingiu o menor nível desde outubro de 2005.

 

Diante de tanta incerteza, o investidor fica de um lado para outro, à procura do ativo que lhe permitirá perder menos. Ontem, a tábua de salvação ficou com as commodities; hoje, com o dólar - principalmente com a leitura de alguns de que, no final das contas, bom ou ruim, o pacote deve mesmo ser aprovado nesta semana. A alta da moeda norte-americana levou os produtos básicos, que ontem subiram, a engatar o caminho de volta: metais, produtos agrícolas e petróleo fecharam em baixa.

 

Na Nymex, o contrato para novembro do óleo terminou cotado a US$ 106,61, com recuo de 2,52%. Isso acabou atingindo em cheio os papéis da Petrobras, que hoje perderam mais de 4%. Vale, no entanto, sofreu mais, ao seguir o comportamento das mineradoras na Europa e também o desconto que os investidores vêm fazendo na ação, diante da pressão da brasileira por um novo reajuste do minério que vende à China. Isso apesar dos sinais de retração mundial. As ações ON da empresa caíram mais de 8% no pior momento da sessão, e fecharam não muito longe disso, a -7,33%. As PNA cederam 5,81% na mínima e -5,44% no fechamento.

 

Fonte:

 

AE Broadcast / EUM Investimentos

 

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