O temor de um risco sistêmico com o pedido de concordata do Lehman Brothers e a venda do Merrill Lynch para o Bank of America, além dos problemas enfrentados pela AIG, promoveram uma fuga do risco nos mercados globais. As bolsas desabaram pelo mundo, significando para a Bovespa o maior tombo porcentual em mais de sete anos. Apenas duas ações do Ibovespa fecharam em alta, e as vendas decorreram, além da fuga dos estrangeiros, do tombo das commodities com os investidores à procura de Treasuries e ativos menos arriscados.

O Ibovespa perdeu 7,59%, a maior queda desde 11 de setembro de 2001, quando havia recuado 9,17%. Em pontos, a Bovespa retornou aos 48 mil pontos, para 48.416,33 pontos. Na máxima do dia, registrada na abertura, o índice operou praticamente estável, aos 52.386 pontos (-0,01%) e, na mínima, tocou os 48.409 pontos (-7,60%). No mês, a Bolsa acumula perdas de 13,05% e, no ano, de 24,21%. O giro financeiro somou R$ 6,570 bilhões, dos quais R$ 1,167 bilhão são do vencimento de opções sobre ações.

Antes da abertura do pregão regular, ainda no pré-mercado, o índice futuro já antecipava o que seria o dia de hoje. O Ibovespa registrou queda de 6% na primeira hora do pregão, mínima que foi renovada à tarde, com o aprofundamento das perdas em Wall Street, que terminaram na mínima pontuação do dia. O Dow Jones recuou 4,42%, aos 10.917,51 pontos, o S&P teve baixa de 4,71%, aos 1.192,69 pontos, o Nasdaq fechou em -3,60%, aos 2.179,91 pontos. As perdas foram ampliadas no finalzinho da sessão com a queda livre do setor financeiro e fraqueza das ações de energia. "A crise financeira se tornou 'sistêmica'", analista. "Para a economia, significa que ficou mais difícil tomar empréstimos. É o aperto no crédito. O que se achava que seria crédito bom não é, portanto, o custo dos empréstimos subiu dramaticamente", acrescentou.

Os investidores se refugiariam nos Treasuries norte-americanos, com preços em alta e, conseqüente queda nos juros. O T-Note de 2 anos foi o mais procurado, com os juros tombando 21,19%. Esse recuo é explicado também porque os investidores passaram a precificar um corte na taxa de juros pelo Federal Reserve amanhã, com 66% de chances, de 2% para 1,75% ao ano. Esta seria mais uma medida para o governo norte-americano tentar dissipar a crise, além do pacote para prover mais liquidez aos mercados anunciado ontem.

Embora tenha ampliado sua linha de financiamento, o mercado acordou sem humor algum por que o Federal Reserve não ajudou a salvar o Lehman Brothers, repetindo o que havia feito com o Bear Stearns, em março. Assim, o quarto maior banco de investimentos norte-americano ficou à deriva e teve que pedir concordata. O terceiro maior banco, o Merrill Lynch, acabou se livrando de ser o próximo da fila ao ser vendido para o Bank of America (BofA), que não quis perder a viagem e arrematou a instituição. O BofA era um dos cotados a levar o Lehman, assim como o Barclays, mas ambos declinaram quando souberam que o Fed não injetaria dinheiro para a compra. Além dos bancos, o setor financeiro também teve uma seguradora como protagonista dos problemas. A AIG está tentando conseguir dinheiro para sua operação e já obteve autorização do Fed de Nova York para o acesso a US$ 20 bilhões em capital de suas subsidiárias para cobrir suas necessidades operacionais. Uma reunião entre a empresa, o Fed-NY, o Tesouro dos EUA e autoridades reguladoras do setor de serviços acontece esta tarde, ainda sem desfecho.

Para amanhã, o dia deve ser de mais turbulência segundo analistas, com a abertura do mercado japonês, hoje no feriado. Segundo o Wall Street Journal, diversos bancos japoneses estão entre os principais credores bancários do Lehman Brothers. "O tombo foi muito grande para passar em um dia. Vai ter muito fundinho quebrando. Os efeitos ainda serão longos", resumiu analista.

Apenas uma ação do Ibovespa fechou em alta hoje: Comgás PN (+0,51%).

Fonte:

AE Broadcast / EUM Investimentos

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